O articulista Reinaldo Azevedo, da revista
Veja fez esta análise: “Ameaça de renúncia coletiva feita por procurador é um absurdo; isso evidencia
que os senhores procuradores se imaginam mesmo o único poder da República; o
ultimato é dirigido ao presidente da República.
Carlos Fernando Lima, aquele
procurador que anunciou que iria lutar boxe com o Congresso — o que indica a
sua disposição para o diálogo público e civilizado —, agora vem anunciar de
forma tonitruante: se o presidente Michel Temer sancionar a proposta que cria o
crime de responsabilidade para juízes e membros do Ministério Público, a
força-tarefa renuncia.
Vale dizer: o MPF resolveu fazer um braço de ferro com o
Parlamento e quer arrastar o presidente da República para a crise. É de uma
irresponsabilidade assombrosa. Os membros da força-tarefa agora agem como
crianças chantagistas. Porque contam, e por bons motivos, com o apoio da
esmagadora maioria da população, acham que podem agir na base do ultimato.
Abusar da ignorância
“E noto também que
os doutores abusam um pouco da
ignorância das pessoas comuns. Os bravos procuradores podem até querer
renunciar pessoalmente à força-tarefa, mas o Ministério Público Federal, como
ente, não pode renunciar a seu papel, não é? Tem de cumprir o seu dever. Ou
nenhum procurador aceitaria o trabalho?
“Vamos parar de
brincadeira? Até porque, se nenhum procurador aceitasse fazer o seu trabalho,
seria preciso enquadrar a turma no Artigo 319 do Código Penal, a saber: “Art.
319 – Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa”.
“A coisa está
começando a cair no terreno da comédia trágica. A ser assim, fechem-se os Três
Poderes e se dê o poder absoluto ao MP. Afinal, a ameaça de renúncia indica
que: a: eles não aceitam uma decisão do Congresso: b: eles
não aceitam uma eventual decisão do presidente da República; c: eles não
aceitam uma eventual decisão do Supremo. São apenas os Três Poderes
da República”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário