Carta endereçada aos associados do clube pelo sócio proprietário Adriano Accioly, filho do ex-presidente João Paulo Accioly, faz uma série de alertas, denúncias e apelos. Veja a integra:
Fortaleza, 15 de Maio de 2013
“Prezados Sócios e Amigos do Náutico,
Queremos informar a quem possa interessar, acreditando serem atingidos todos do nosso Estado, que está em curso uma iniciativa, do Atual Conselho e Diretoria do Náutico, que caso obtenha êxito, culminará com o arrendamento de quase toda a da sede do Clube, por 80 anos ou mais, para abrigar mais um Shopping e 4 edifícios. Acredito que na prática isto significará a extinção do Náutico. Esta medida está sendo apresentada aos sócios, PROPRIETÁRIOS DO CLUBE, como sendo a única e salvadora opção para que o Náutico não venha a fechar as portas ou venha a ser leiloado.
Foi dito em Carta aos associados, assinada pelos presidentes da diretoria e conselho do Náutico, respectivamente, que os obstáculos ao desenvolvimento do Náutico deviam-se a fatores externos como a expressiva redução de cidadãos interessados na associação de clubes”, bem como às significativas dívidas tributárias acumuladas. Discordo veementemente desta premissa, bem como da iniciativa de arrendamento como está sendo proposta, por ter convicção absoluta de que há outros caminhos, e ainda tempo hábil para reverter o processo de declínio do Náutico. Recentemente foram alienados os últimos ativos patrimoniais que nos restavam, afora a sede( Terreno na Av. Abolição e Terreno na Av. Des. Moreira), além de um andar inteiro no Edifício C. Rolim, que foi posto a leilão há alguns anos, arrecadando-se com isso alguns milhões, que foram utilizados integramente para amortizar parte do débito existente e permitir a negociação do remanescente. Relembro estes fatos para refutar a idéia, que pode ter sido apreendida na Carta, de que o Leilão da Sede do Náutico está para acontecer a qualquer momento.
Discordo também da maneira como está sendo conduzido este processo. Os Sócios, notadamente os sócios proprietários, deveriam ter sido informado e consultados antes do denominado Chamamento Empresarial, feito em 17 de dezembro de 2012, portanto 64 dias antes da Carta Informativa aos Associados, em 27 de fevereiro de 2013. Considero que uma medida de tal magnitude , que enseja redução brutal na estrutura física do clube, bem como atinge cifra de centenas de millhões de reais, segundo o próprio Edital, não deveria chegar ao conhecimento dos sócios através dos jornais, sem uma devida consulta prévia. Conforme foi dito na carta, houve muitas consultas a advogados, economistas, engenheiros, arquitetos e admistradores, a fim de elaborar-se o projeto piloto, esquecendo-se porém de consultar aos principais interessados, os sócios proprietários.
Logicamente não temos mais tempo a perder, temos que tomar medidas urgentes para soerguer o Náutico. Essas medidas devem começar por entender que o Náutico é uma empresa; tem CGC, tem que pagar impostos, e os seu principais clientes mantenedores são os seus sócios. Não se pode administrar um clube hoje como se administrava a 40 anos e não esperar que o mesmo não vá a bancarrota em um curto espaço de tempo. Diariamente milhares de empresas abrem e fecham, sejam elas restaurantes, hotéis, escolas, lojas, escritórios, academias ou clubes, e por diversos motivos, mas acho que o principal é não conseguir, em tempo hábil, entender que o maior patrimônio da empresa são os seus clientes, e que devem procurar incansavelmente conquistá-los , oferecendo sempre o que de melhor estiver disponível no mercado. Muitos clubes no Brasil , que compreenderam esta realidade a tempo, não só puderam se manter, mas também puderam crescer, algumas vezes incorporando outros clubes deficitários.
Como é possível hoje um Clube do Porte do Náutico não ter um Site em funcionamento e não se comunicar e prestar serviços aos seus clientes (sócios) pela Internet? Até me surpreendo com o tempo em que o Náutico está a resistir; atribuo isto aos sócios remanescentes, que pelo sentimento de ligação afetiva com o Náutico continuam a frequentá-lo e contribuir com ele, muitas vezes, só contribuir.
Tomei a iniciativa de responder à carta do Presidente da Diretoria Administrativa, Adv. Pedro Jorge Medeiros, em que o mesmo ao seu final, solicitava sugestões.Tornei esta missiva aberta aos sócios e demais amigos do Náutico , por acreditar que todas as informações nela inserida são de interesse comum aos que realmente querem a preservação do Náutico, em sua integralidade. Nela apresento os motivos da minha total discordância ao atual projeto do Conselho/Diretoria e também apresento algumas propostas para que as mesmas sejam estudadas e oferecidas aos sócios como opção. Estas sugestões tratam-se de medidas de médio prazo, por envolver informação, projeto, discussão e aprovação por parte dos sócios proprietários. Estas medidas, aliadas a profissionalização da Administração do Náutico, em que o Clube é a empresa, e o sócio, cliente, tem tudo para que o Náutico passe a ser referência não só de beleza arquitetônica, mas também em qualidade de prestação de serviço.
Quero não desmerecer, mas agradecer o trabalho dos Atuais gestores do clube, pois tenho ciência que sonegam seu tempo com a família e outros afazeres profissionais e particulares, para conduzir, sem nenhuma remuneração, os destinos do nosso Náutico. Não podemos responsabilizá-los integralmente por eventuais insucessos na gestão do clube. Temos nós, sócios proprietários, que assumir a responsabilidade pela condução do destino do nosso clube, demonstrando de forma ordeira, mas firme, aos nossos representantes o que realmente almejamos para um Náutico cada vez Melhor. Sei que é fácil falar e difícil fazer. Por isso, temos que dedicar um mínimo de tempo para cuidar de um Patrimônio que não é somente nosso, mas de Utilidade Pública para o nosso estado e até, sem temer o exagero, para o Brasil.
Solicito aos sócios e demais amigos do Náutico , os quais se interessam em preservá-lo por completo, que tomem ciência dos fatos e depois se manifestem. Devemos demonstrar a nossa concordância ou insatisfação agora, ou talvez, em breve, seja tarde demais!
Embora a decisão final vá ser tomada pelos SÓCIOS em Assembleia Geral, devemos participar ativamente de todo o processo a partir de agora , para que haja um número expressivo de Sócios presentes nesta assembleia, e que assim a decisão tomada realmente represente a vontade da maioria dos sócios.
Como diz a Máxima: “Quem Cala consente”, e não haveremos de ficar calados, a consentir o que não for do verdadeiro interesse dos sócios do Náutico”.
O Náutico em sua fase áurea |