Pequena fazenda no Ceará |
Começando o que os cearenses chamam de BROS
(setembro, outubro, novembro e dezembro),os quatro meses mais difíceis e secos
para as populações do interior, os pequenos agricultores relembram com saudade
os governos de Virgílio Távora, César Cals, Adauto Bezerra, Manoel de Castro e Gonzaga Mota
quando, através da Codagro, podiam comprar rações, tortas de oleaginosas,
farelos de trigo e implementos agrícolas para suas pequenas propriedades e a um
preço bem mais em conta.
Virgílio Távora (de óculos), secretário da Agricultura Ésio de Souza, o primeiro, lideranças rurais e homens do campo num diálogo permanente. |
Podiam também contrair empréstimo junto às
instituições bancárias para o custeio de seus animais (compra de rações) e realização de obras (cercas, barreiros,
poços, silos etc.) em suas propriedades. E assim conseguiam escapar até a
próxima seca.
Veio o primeiro Governo Tasso Jereissati (na
metade dos anos 80) e acabou com a
Codagro, Epace, esvaziou a Ematerce e pôs fim nos projetos de ajuda aos
pequenos produtores rurais. “Quem quiser ter propriedade rural - vacas, cabras,
bodes, carneiros, que se vire para mantê-los”, dizia-se na época. Repetiu-se o
governo Tasso, vieram os governos Ciro Gomes, Tasso novamente, Lúcio Alcântara
e Cid Gomes, dois mandatos, e nada foi feito pelo pequeno produtor rural, que a
cada ano foi perdendo fôlego e agora
está inteiramente debilitado.
“Hoje” – dizia ao blog um desses pequenos produtores – “só existe ajuda
para a agricultura familiar”, o que não é o caso desses pequenos fazendeiros,
que não se enquadram no projeto.
Por essas, outras, e as secas é que o número
de animais bovinos do Ceará foi reduzido de 2 milhões e 200 mil cabeças no
início dos anos 2000 para algo em torno de 1 milhão de cabeças em 2013 com indicativos de que nunca mais recuperará o
número anterior, segundo dirigentes das associações e sindicatos da categoria.
Por isso, todos esperam que o novo Governo possa vir a mudar esse triste
quadro.
Mas dos candidatos, até agora, nenhuma palavra sobre a questão.