“A edição matinal do Le Monde, publicada no site do jornal, faz um balanço dos primeiros passos do presidente interino Michel Temer. O respeitado jornal francês considera que o novo governo não seduziu os brasileiros. "Temer fracassou na estreia", escreve a correspondente em São Paulo, Claire Gatinois.
“Le Monde começa o texto pela primeira nota oficial do novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, com um safanão nos governos de esquerda da América Latina que denunciaram um suposto mal funcionamento das instituições democráticas no Brasil.
“A nota diplomática teve tom "firme e decidido", diz o Monde, mas na realidade o afastamento da presidente Dilma e o processo de impeachment no Senado suscitam preocupação na região, destaca a jornalista.
O presidente argentino, Mauricio Macri, de centro-direita, também está com receio da instabilidade política no Brasil, acrescenta.
"Nomeações deixam qualquer um perplexo"
“As primeiras medidas anunciadas por Temer
deixam qualquer um perplexo, observa a jornalista: um ministério sem mulheres; a
extinção da pasta da Cultura, reduzida a uma secretaria de Estado; e sete
ministros citados em inquéritos judiciais, "sem dúvida o mais
preocupante" . "Antes de tomar posse, Temer tentou oferecer o posto
de ministro da Ciência a um criacionista", diz o texto, em referência ao
presidente nacional do PRB, o bispo licenciado da Igreja Universal Marcos
Pereira, depois substituído por Gilberto Kassab (PSD).
“A historiadora Armelle Enders, recentemente entrevistada pela RFI, autora do
livro "Nova História do Brasil", afirma ao Le Monde que,
se cada país decidisse afastar do poder nas democracias modernas dirigentes incompetentes
ou impopulares, sobrariam poucos políticos no poder. Sobre a nova equipe, ela
opina que o governo Temer carrega a marca da continuidade e do conservadorismo.
"Os ministros são raposas velhas que participaram de todos os governos
recentes, de Fernando Henrique Cardoso a Dilma Rousseff, passando por
Lula", resume Armelle Enders.
“Le Monde cita ainda a análise feita pelo New York Times,
que julgou que o afastamento de Dilma foi ruim para o Brasil”. (Fonte: jornal
Le Monde e RFI - As Vozes do Mundo).
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