O “quebra-cabeça” das manifestações
Não é preciso quebrar a cabeça para entender estas manifestações que "papocam" no Brasil inteiro. O extravazamento de insatisfações agora vai muito além da simples redução das tarifas do transporte coletivo. As palavras de ordem expressas nos cartazes e nas faixas deixam bem claro que o grau de insatisfação da população é muito elevado e generalizado abrangendo alguns dos nossos mais cruciais problemas como Saúde Pública, Segurança, Corrupção, Educação, exorbitantes e descontrolados gastos com a reforma e construção de estádios para os jogos das Copas das Confederações e Copa de Futebol em 2014, despesas essas que inviabilizaram pelo menos nesta década projetos essenciais como a transposição do rio São Francisco para atender com água o Nordeste, ferrovias, estradas etc. Bem ligeirinho o governo federal e os estaduais correm atrás do prejuízo e estão encontrando fórmulas para redução das tarifas de transporte coletivo.
É bom observar que o movimento generalizado está seguindo na esteira do que aconteceu na Tunísia e no Egito, com a derrubada dos governos pelo povo, e na Líbia, com a ajuda da União Européia e dos Estados Unidos. E há ainda os protestos em vários países europeus. Em todo mundo, onde há problema, o povo, quando pode, está protestando. Até mesmo no Irã movimentos de protesto já se registraram.
Aqui no Brasil duas características do movimento chamam atenção: o Foco, que no início aparecia como sendo tarifa de ônibus, foi apenas "a gota d´água”, que, como registrou uma manifestante, "o copo encheu". A segunda característica a se notar é que não há um partidos políticos de esquerda ou de direita liderando os protestos, fato inédito em nossa história política. O que se observa também é que ainda não apareceu uma liderança para o movimento, sendo ele nascido nas redes sociais e conduzido pela vontade de cada um participante de manifestar o seu descontentamento.
Agora o “quebra-cabeça” do movimento vai ser tratar com seriedade a questão os pequenos grupos encravados nas manifestações que estão provocando baderna, quebra-quebra, depredação e invasão de prédios públicos.
É o mais urgente a ser feito.
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